As civilizações antigas já se preocupavam com o saneamento básico. Na Babilônia, por exemplo, construíram as primeiras galerias de esgoto; os palácios do Egito antigo tinham água canalizada do rio Nilo; na Índia, há 4 mil anos, grandes canos de argila levavam o esgoto para os campos; na Grécia, as fezes eram enterradas longe das casas, e o Império Romano, além do desenvolvimento de sistemas de abastecimento de água e esgoto, tinha fontes públicas. Mas, com o tempo, os cuidados básicos de limpeza foram deixados de lado, transformando o despejo de esgoto nos rios, mares, lagoas ou quaisquer corpos hídricos num problema ambiental, social e econômico.
O saneamento básico compreende os serviços de esgotamento sanitário, abastecimento de água tratada, drenagem de águas pluviais, além da coleta e destinação de resíduos sólidos. Segundo a ONU, cerca de 3,5 milhões de pessoas morrem todos os anos em razão dos serviços inadequados de água, saneamento e má higiene – morrem mais pessoas por conta da água poluída do que em todas as guerras.
O esgoto é rico em material orgânico, destacando-se duas substâncias: o fosfato e o nitrato, que contribuem para o fenômeno de eutrofização, ou seja, com a presença destes nutrientes ocorre a proliferação de algas, surgindo bactérias que absorvem o oxigênio da água, eliminando a vida aquática que utiliza esse gás. A luz solar que penetra na água é absorvida pelo fitoplâncton que, por sua vez, produz oxigênio através da fotossíntese, favorecendo a vida aquática. Com a quantidade excessiva de algas e a água turva, a luz não consegue chegar no fitoplâncton dentro da água impedindo a produção de oxigênio.
A planta aquática baroneza que está na superfície da água é um indicador de poluição – quanto mais esgoto maior é o número dessas plantas. Embora elas absorvam o material orgânico não resolve o problema do rio Ipojuca, pois a carga de esgoto despejada em suas águas é muito maior do que a sua capacidade.
Os resíduos sólidos jogados nas margens do rio Ipojuca podem causar assoreamento, ou seja, deixar o rio mais raso e, chegando um maior volume de água, ou em caso de enchente, o seu percurso natural não poderá ser feito e atingirá toda a população ribeirinha, trazendo riscos à vida e prejuízo financeiro para toda a cidade.
O esgoto, junto com os resíduos sólidos que estão depositados nas margens do rio, é uma receita para a proliferação de vetores de doenças (baratas, ratos, moscas, formigas e outros). O visual e o mau cheiro também são outros problemas. Ainda podemos destacar dois gases que são produzidos no rio: gás metano e gás sulfídrico. O Metano contribui para o efeito estufa e o sulfídrico é altamente tóxico.
Precisamos fazer a nossa parte diminuindo a produção de resíduos sólidos e, ao descartar qualquer material, que seja em locais apropriados; também devemos cobrar do poder público as medidas necessárias para resolução do problema. Além de afetar todo o meio ambiente e, principalmente a nossa saúde, o problema do rio é uma situação de saúde pública.