Em meio a pandemia surge a noticia de que o PIB da China cresceu, no último trimestre, 3,2%. Como? No mundo inteiro a economia apresenta queda. O no Brasil a estimativa prevista que é tenhamos uma redução no PIB que pode chegar a 10% e, alguns avanços que foram conseguidos no ano passado viraram pó na atualidade. Em todas as partes do nosso país, quer seja nas capitais ou regiões metropolitanas, quer seja no interior do estado, observamos um freio drástico nas atividades. Vai levar tempo para uma recuperação total que nos leve, pelo menos, ao patamar que tínhamos alcançado em 2019.
Mas, em meio a essa turbulência a China apresenta crescimento. Existem as várias teorias conspiratórias de que tudo isso foi proposital, foi feito com intuito de a China dominar o mundo, etc. Não há provas sobre isso, portanto, qualquer tentativa nessa direção é especulação. Mas, o fato é que a China tem dado sinais de que pretende ultrapassar os americanos e se tornar a maior economia do mundo. E, por trás disso, pode haver, sim, a ideologia de que o comunismo é melhor do que o capitalismo. A China tem alguns fatores contributivos para isso. O primeiro deles é a dependência do país em relação a determinados produtos. Parece paradoxal, mas uma maneira de estar no comando é se mostrando dependente.
A China importa produtos de diversas naturezas para alimentar a população. Atualmente, 40% das exportações do agronegócio brasileiro se destinam ao mercado chinês. Se num determinado momento a China romper esse acordo, o Brasil terá enorme dificuldade em manter seu nível de vendas. Então, a diplomacia sugere tratarmos bem a China para que não possamos ser descartados da sua matriz de importação. No final ao ano passado, a China importou carnes brasileiras, mais ou menos da forma “eu compro tudo que você produzir” e provocou um desequilíbrio na demanda doméstica impactando no aumento do produto para nós brasileiros.
Outra questão importante é a unicidade do seu poder. Lá, todos seguem a linha traçada pelo partido comunista e opositores são silenciados, saem de cena independente de sua importância. As regras trabalhistas são frouxas de modo que o salário mínimo é negociável tendo como parâmetro US$ 3,60/hora. O excesso de mão de obra permite tal flexibilização e com isso, os custos de produção são menores comparativamente a outros países, de modo que produto chinês chega ao mercado com preços competitivos.
A China está caminhando a passos largos para uma dominação da economia mundial. A tecnologia tem sido uma grande aliada nesse processo e isto não é nada de novo se você conhece a Teoria das Vantagens Comparativas, de David Ricardo. A China se especializa em tecnologia que tem uma elasticidade renda maior do que produtos agropecuários. Ou seja, vamos produzir tecnologia que é caro e comprar carnes e grãos que é barato. Enquanto aqui a gente faz o contrário, vende grãos para comprar tecnologia, a China vai posando de esfinge: decifra-me ou te devoro.