Desde o período Neolítico, na pré-história, o homem ocupou as margens dos rios para iniciar sociedades. A facilidade do acesso à água auxiliava na agricultura, na criação de animais e na nutrição; o que demonstra a importância dos rios para a história da humanidade. Assim, a criação de uma data para o rio Ipojuca desempenha uma função de sensibilizar e conscientizar a população e o poder público acerca dos problemas socioambientais.
O Rio Ipojuca é o segundo mais extenso do estado de Pernambuco, com 323,9 Km, e ocupa uma área de bacia hidrográfica 3.435,34 Km². Ele corta 25 cidades do nosso estado, com a nascente na cidade de Arcoverde e desaguando no oceano Atlântico na cidade de Ipojuca, ou seja, percorre as quatro mesorregiões do estado (sertão, agreste, zona da mata e região metropolitana do Recife). Apesar disso, é considerado o terceiro rio mais poluído do Brasil por enfrentar, dentre outros, grandes desafios como o esgoto, as construções irregulares, o desmatamento da mata ciliar, o descarte inadequado dos resíduos sólidos, a falta de preservação dos 46 afluentes e o assoreamento.
Ao analisarmos, em toda a extensão do rio, a poluição da água do Ipojuca, percebemos uma grande carga de esgoto, nas quatro cidades do agreste, de acordo com o sentido do seu fluxo, São Caetano, Caruaru, Bezerros e Gravatá. Dentre essas, Caruaru ocupa o primeiro lugar em volume de esgoto por causa da população de cerca de 360.000 habitantes e da ineficiência das estações de tratamento.
No entanto, o rio era limpo: no livro “Caruru, Caruaru”, Nelson Barbalho narra que tínhamos uma barragem no rio; ela forneceu água para nossa cidade desde 1865, até que uma cheia derrubou o paredão em 1915. Já na década de 50, na passagem molhada, funcionava a Companhia de Navegação do Rio Ipojuca, onde embarcações eram utilizadas para o lazer até as mediações do atual Colégio Sagrado Coração. Esses fatos históricos mostram o nosso rio quando era vivo, mas ele ainda pode ser recuperado com o trabalho em conjunto da população e do poder público. Para limpar o rio, é necessário que, antes, limpemos nossas cabeças.